Tradução da Crítica da Peça UM MUNDO DE EXTREMA FELICIDADE (in Portuguese)

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Manhattan Theatre Club & Goodman Theatre apresenta:
Um Mundo de Felicidade Extrema
Por: Frances Ya-Chu Cowhig
Direção: Eric Ting
Cenografia: Mimi Lien   
Figurinos: Jenny Mannis     Iluminação: Tyler Micoleau     Som: Mikhail Fiksel     Diretor de Luta: Thomas Schall
Estrelando: Jennifer Lim, Francis Jue, Telly Leung, Jo Mei, James Saito, Sue Jin Song

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O meu entusiasmo ao entrar no City Center é pelo fato de que estou me encontrando com um amigo que eu não havia visto por muito tempo, e, claro, porque eu ia ver uma peça teatral. Bilhetes com desconto de última hora são a causa circunstancial para estarmos onde estamos, concedendo-me o prazer de não saber nada sobre a peça, que não seja o tempo de execução, e o fato de que uma grande parte das pessoas envolvidas nesta apresentação do Manhattan Theatre Club serem chineses ou sino-americanos. E então tomamos nossos assentos em uma casa cheia com um público um pouco mais velho, olhando para um set cinza, estreito e quase nu, dando a impressão de ser uma sepultura.

Imediatamente, o set ganha vida, revelando o que parece ser uma cabana rural, habitada por uma grávida desbocada prestes a parir, em companhia de seu marido desinteressado, e de uma enfermeira questionável. Rapidamente, sinto-me sugado pela acção da peça, quando a futura mãe se prepara para dar à luz com mais cinismo estóico do que é decoroso, esperando desesperadamente que seu bebê seja um menino. Estamos na China rural, onde o trabalho manual é o único recurso que pode gerar receita financeira, e os meninos têm um “valor” maior do que as meninas. Na cena seguinte, 18 anos depois, deparamos com Sunny  (uma excelente Jennifer Lim), o bebê da cena anterior, que deve o seu nome, e a vida com a intensidade genuína de seu sorriso, graças ao qual seu pai tirou do lixo onde fora deixada depois de seu nascimento.

Ao desenrolar dos acontecimentos, somos transportados pela vida ‘normal’ de uma juventude que pertence a uma categoria do povo chinês chamado de “população flutuante”. Estes estrangeiros dentro do seu próprio país são pessoas que se movem da China rural para a urbana, que buscam maneiras de obter os meios básicos necessários para a sobrevivência. O irmão de Sunny, Pete (Telly Leung), insiste em ir com ela para a cidade, onde ela espera encontrar trabalho, educação, perspectivas, mas trabalhando como uma faxineira de banheiro em uma gigante fábrica chinesa, logo fica claro que para um “camponesa”, e mulher, as chances são inexistentes.

Um novo amigo, Ming-Ming (Jo Mei), infunde nova esperança em Sunny apresentando-lhe o conceito de “tornar-se um você melhor ‘, e ela então se a atreve a sonhar e desejar mais da vida, mas, aparentemente, até mesmo as saídas concretas de vontade de crescer são um labirinto que leva a realizações amargas.

Somos levados por esta viagem intensa e politicamente carregada graças ao talento e criatividade da equipe de set-design, da capacidade e inteligência da direção, um conjunto versátil, e uma grande Jennifer Lim (Sunny). E embora algumas das dinâmicas da vida humana descritas nesta peça podem parecer confusas para o freqüentador de teatro americano, esta história não é relacionada aos EUA (e exatamente este fato a torna interessante e refrescante).

Frances Ya-Chu Cowhig conseguiu escrever uma peça em camadas, que não é sobrecarregada pela intensidade e número de tópicos delicados que abrange. Este é um tipo de escrita de que muito gosto, em que, como público, inserimo-nos na primeira interação de Sunny com o Sr. Destiny (Francis Jue), o mentor ou conselheiro da vida local, ou somos lançados nas salas cinzentas e intimidantes de um asilo mental para o politicamente insano, ou a “audição” feroz e desleal para uma posição do escritório na empresa de Sunny, é difícil pensar que qualquer frequentador de teatro possa ser indiferente ao ser levado em tamanha viagem criativa e evocativamente teatral.

E quando se lê que os eventos desta peça acontecem não num passado remoto mas sim  na China de hoje, é difícil não ir para casa com a cabeça cheia de pensamentos e o coração cheio de empatia. Porque a arte e o teatro podem ser poderosas ferramentas sócio-informativas.

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CRITICA TEATRAL por Lorenzo Pozzan, Nova York

TRADUÇAO por Lucas Eller, Nova York